SPFC Tricolor de coração

História da fundação do São Paulo Futebol Clube

Tricolor Paulista — 1930 a 1934

O Clube da Fé — 1935 a 1939

O Mais Querido — 1940 a 1949

Onze camisas,uma bandeira e muitas dívidas 50 a 59

O estádio e nada mais — 1960 a 1969

A glória outra vez — 1970 a 1979

Década tricolor — 1980 a 1989

Choque traumático pós-Telê — 1995 a 2004

Apogeu são-paulino — 2005 a 2008

O recomeço — 2009

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Onze camisas,uma bandeira e muitas dívidas 50 a 59

A década de 1950 começou com bastante expectativa sobre o time que havia conquistado o decênio anterior.[6] Além disso, em 4 de janeiro de 1950 Leônidas marcou seu último gol pelo clube e após mais três partidas se aposentou, em 21 de janeiro. Todos queriam saber como seria o time sem seu maior jogador.[7] Pois no fim da década anterior começara a ganhar força um movimento para a construção de um estádio à altura das conquistas do clube. O então presidente Cícero Pompeu de Toledo encabeçou o grupo que era a favor do estádio, com a justificativa de que o clube não poderia apenas ganhar títulos, precisava também crescer patrimonialmente.[6] Havia muitas pessoas, até de dentro do próprio clube, contra a construção. Diziam que seria uma loucura que poderia prejudicar muito as finanças do clube, pois o projeto não visava apenas à construção de um grande estádio, mas sim do maior estádio particular do mundo.[6]

 

Fazer o difícil na hora e o impossível um pouco depois.
 

A ideia original era construir o estádio no próprio terreno do Canindé, mas com a construção da Marginal Tietê dois terços do terreno — cerca de 20 mil metros quadrados — foram desapropriados pela prefeitura, e a construção de um estádio no local foi então descartada.[26] Com esse primeiro contratempo, Luís Campos Aranha disse a Pompeu de Toledo que sabia quem poderia arrumar o clube para que o estádio fosse construído. Esse alguém era Laudo Natel, diretor financeiro do Bradesco e são-paulino.[10] Para conseguir um empréstimo junto ao banco, o São Paulo precisava sanar suas dívidas.[26] Para tal, Natel sugeriu a venda do único patrimônio do clube, o Canindé. O campo de treinamento foi então vendido a Wadih Sadi, conselheiro do clube,[6] com a condição que o clube pudesse continuar treinando por lá até que tivesse outro local.[26]

 

Não podemos ser um clube de onze camisas, uma bandeira e muitas dívidas nos assustando.
 
Dino Sani, um dos heróis da conquista da Copa do Mundo de 1958, jogador do clube de 1954 a 1961. (Imagem: Antonio Cruz/ABr)

Com as dívidas sanadas e o empréstimo engatilhado, o clube partiu atrás de um local que atendesse às exigências, sendo logo escolhido um terreno alagado no bairro do Ibirapuera, onde hoje se localiza o Parque Ibirapuera. O prefeito Armando de Arruda Pereira deu sinal verde para o uso do terreno e enviou oficio à Câmara dos Vereadores para a oficialização. Mas Jânio Quadros, presidente da Câmara, se opôs e vetou o projeto.[6] A solução encontrada foi edificar o estádio longe do centro da cidade, em um local à época conhecido como Jardim Leonor e que depois se transformaria no bairro do Morumbi.[6] O local, desabitado e sem infraestrutura, estava sendo loteado pela imobiliária Aricanduva e em dezembro de 1951 o São Paulo, por meio de Luís Aranha, conseguiu que a imobiliária destinasse ao clube uma área que antes serviria para parques e jardins.[10] Com isso, o clube recebeu uma doação da imobiliária em 4 de agosto de 1952, em troca da compra de parte do terreno.[26] A prefeitura foi mediadora do processo e impôs certas condições à construção.[27] Já em 15 de agosto a pedra fundamental foi abençoada pelo Monsenhor Bastos, e a escritura de posse, assinada por Pompeu de Toledo. Ainda no mesmo dia foi formada uma comissão pró-estádio, presidida por Cícero Pompeu de Toledo, independente da direção do clube e que se ocuparia somente com o estádio.[6]

Antes até de ser escolhido o projeto, as cadeiras cativas já começavam a ser vendidas pelo goleiro José Poy por sua vontade, uma vez que a diretoria almejava apenas usar sua imagem. Poy foi muito bem sucedido, pois, das 12 mil cativas colocadas à venda, conseguiu vender 8 mil.[6]

Muitos projetos foram apresentados à comissão, inclusive um de uma construtora soviética chamada Antonov & Solnnerkevic, que previa uma cobertura transparente e removível em todo o estádio. Mas o projeto escolhido foi o de João Batista Vilanova Artigas, conceituado arquiteto da Escola Paulista, principalmente por possuir capacidade para 150 mil pessoas. Já em 1953 a obra teve seu início com o estanqueamento do terreno, a construção de galerias e o escoamento do campo.[6]

Faltava agora o nome para o estádio, pensou-se em "9 de Julho", em homenagem à Revolução Constitucionalista de 1932, e até em "Paulistão", mas em 1957 Cícero Pompeu de Toledo adoeceu e afastou-se do cargo. Pressentindo que ele não duraria muito, conselheiros reuniram assinaturas para que o nome fosse o do idealizador e maior motivador da obra, estádio Cícero Pompeu de Toledo.[6] Em 1958 Cícero faleceu, mas já com a ciência de que seu sonho seria realizado.[26] Com a morte de Pompeu de Toledo, uma nova comissão foi formada, dessa vez encabeçada por Laudo Natel.[10] Com isso, a construção foi conduzida de maneira firme e passando por cima de dificuldades incríveis, pois nada do que entrou para a construção foi cedido por qualquer poder público.[10]

De 1952 até 1959 o clube destinou todo o dinheiro para o estádio, mas mesmo assim conseguiu ter equipes competitivas com craques, chegando a ganhar os Paulistas de 1953 e 1957[6], sendo que este último título marcou a despedida de Teixeirinha e contou com a experiência do carioca Zizinho, já com 35 anos, em campo e o treinador húngaro Béla Guttmann no banco.[7]

Sobre o Paulista de 1953 cabe dizer que deu ao clube o título de "Campeão do IV Centenário" da cidade de São Paulo,[6] pois o título somente fora decidido em 24 de janeiro de 1954,[7] um dia antes do aniversário de 400 anos da cidade, tornando o time, dessa maneira, o legítimo campeão paulista das comemorações do aniversário.[6]

O São Paulo também ficou com os vice-campeonatos paulista de 1950, 1952, 1956 e 1958.[7] Sendo que a partir do Campeonato de 1956, perdido para o Santos, o clássico entre as duas equipes foi apelidado de San-São por Thomaz Mazzoni.[6]

O ano de 1952 também foi frutífero para o atletismo do clube, mais precisamente para o salto triplo, pois foi nesse ano que Adhemar Ferreira da Silva, atleta revelado pelo clube em 1947, alcançou o recorde mundial da categoria nas Olimpíadas de 1952, em Helsinque, feito repetido nos Jogos Pan-americanos de 1955, no México.[10][25] Esses dois recordes, e suas respectivas conquistas, foram imortalizados no escudo do clube com duas estrelas douradas em 1955 e, posteriormente, no uniforme em 1997.[28]